quinta-feira, 27 de maio de 2010

Passagem para a Praça


Havia uma lua passageira sobre as cabeças.

Uma poça brilhante como entrada
para o centro da Terra
e muitos olhares difusos
com música brega
na praça de areia.

Ela em sapatos cor de rosa com salto esguio
e ele, chapéu de aba
com ares de gigolô a pegava pela cintura.

De repente um lagarto zig- zagueante atravessou
perto da vala
e a sua intimidade com a rua
velha
e delirante
assustaram a menina.

Por algo que não sabemos
e que nada tem a ver com o lagarto
a briga começou entre os dois.

O homem afastou-se
arrogante.
Poderoso.

E ela, tirando um dos sapatos
correu até ele,
tirou o outro
e os jogou pelas costas do homem.
Correu então em sentido contrário,
sob o olhar espantado
e paralisado
do velho,
correu descalça
sabe-se lá para onde.
A praça toda havia parado.
Desde então, o homem senta-se à noite
todas as noites
no mesmo banco
sob a lua que brilha
agora
gigante... às vezes chora baixinho.

E nunca mais ele a viu.

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