domingo, 25 de outubro de 2009

GRANDEZAS



Não sei explicar avalanches
nem traduzir magnitudes;
não sei de grandes milagres
nem de estonteantes vitórias.

Sou como o mato da esquina
que quer o sol e a neblina;
que brilha forte se sabe
que o entardecer o alucina
E ser capim o fascina
por ter a lua e a vida. . .

Cristina


TOQUE


Às vezes a nota aguda

acorda a gente e cutuca

como um anúncio gigante

teu som me toca e me suga


e já nem sei se é mentira

que possa achar-te na rua;

você se esconde e me instiga

com seu abrigo de guerra

como se não fosse sua

toda esta música antiga:

você tem som e perfume

que invade a alma e castiga!


Cristina
imagem retirada da internet, sem autoria revelada (?)


VERSINHO


Achei você escondido
no sofá da sala
para espanto meu, sem mala...

Chegaste todo?
Ficaste parte?

Não sei de nada.
Mas trazes coisas
nem sei de onde
que quando as abres
me deixam rara!


Cristina

(pro ALex -ManuGui)
imagem retirada de:


SAMPA-DESABAFO

Barbárie doméstica
esta que inventas:
teus seres que moram
tão dentro de um terno...

Mulheres de salto
com quase gravata
que levam na pasta
dormidos desejos.


Os beijos...
Os beiços?

Eu sei do chinelo,
do espelho,
da dança:
do homem da pança
que varre a calçada.
Do bairro e da estrada.
Te canto por nada,
por tudo que abraças:
as luas e as praças
e o céu de fumaça...


Cristina




A La Noche


Te entiendo porque me tocas
con lengua, luna y aire
y te respiro toda
y te miro con la boca.

Hay estúpidas gentes
que solamente te duermen
y te pierden como sangre
y te creen muerta
como a las puertas.


Por eso te abro,
te vivo y me cuentas
de todas las cosas...
las raras, que encuentras!

Cristina

A um amigo


SÓ QUERO ISSO


Dê-me:
aquele pedaço rejeitado
ou não me dê nada.

Quero do laço o espaço
entre as faces do nó que se ata
e quero a prata
não ouro ou lata
apenas prata
da lua inteira (e tão bela)
que mata!

Cristina

(ao meu amigo Gustavo)