domingo, 16 de maio de 2010


Tua Manhã

Alinharás o teu café
com os olhos penetrando no vazio.
Eu não sei onde estarei
nem adivinho:
a qualquer preço de nós
sorte ou destino
quantos anos passarão
quanto frio...

Poderia ser formal
remarcado como preço
costumeiro
sem desvios:
morreríamos
incautos
cheios de bom senso no decorrer
do explícito.

Aqui
a tua manhã tem olvidos.
O lado nosso
ao lado
não é nem será
lado a lado
mas comigo
ou
se deixares:
contigo.
Foto: Tatiana Caixinha


Pertencer.

-ou : pertinência?_


Alinhar ao centro

Sei que caminhas outros montes

porque não poderia ser diferente

ou porque o mundo é vasto

minucioso

e indulgente.

Sem cadastro de corporações

limites toscos

ou possessões

até porque descabidas quando se trate

de gente.

Pertences são males pendentes

até necessários

quando se fala em objetos.

Murais.

Carros ou pontes.

Mesmo as chaves que trancam portas

tem sua raiz nos pertences.

Pertenço não

eu

nem pertence

ele.

Nem a mim,

nem a ele.

Mas pertinência é outra coisa:

dizer respeito às miradas

tênues.

Nesse pertence

eu ponho gente.


cristina