terça-feira, 2 de dezembro de 2008





DOMINGO


Vamos pela esquina

eu e meu vestido.

Ele satisfeito

e eu

de peito aberto :

quase exagerado

ou tudo, só por dentro...


Cores nas calçadas

alçam mãos e dedos

(leves como plumas

quase num soneto).

Sou dona da escada

praça- igreja

e nada.


Já que tenho os sinos

lá no alto e longe

cola-me o vestido

gasto,de domingo.


Não vou pedir nada

porque em nada creio...


Mas é fiel

o vento

raso

em meus sentidos


domingo, 30 de novembro de 2008



PERDA de TEMPO


Quero perder a corda

desta coerência lenta:

quem sabe trem e viagens

dessas que vão ao nada.


Muito melhor chinelo,

perda de tempo...é arte!


LUARES sem DONO


Respiro a noite suave

e absorvo a lua cheia.

Não sei por quem aprumam

os encostos desta rua,

nem sei a quem dedico

meu branco olhar de espuma.


Queria teu sorriso

sem partes nem esquemas.

Não sei porque me iludo

pensando..."vale a pena"!


Eu sei das cercas altas

que vamos construindo;

das bárbaras defesas

que sempre bom é tê-las.

Mas subo pela corda

da eterna lua cheia..!



CHEGADA

Ao chegar

me despertaste deste inverno

como fazem primaveras

em ressaca.

Eu pisei no teu quintal

morta de fome

(essa fome que só morrecom olhares).

Sem saber

como florescem teus sentidos

arrisquei acreditar

que estavas vivo.

Luas cheias

e minguantese domingos;

sempre assim meio distante

eu - contigo.


Porque são como montanhas

-quase abrigos-

os lugares que me deste

e eu...deliro!